quarta-feira, dezembro 06, 2006

Dia Internacional das pessoas com Deficiência


Celebrou-se no passado domingo, 3 de Dezembro, o dia internacional das pessoas com deficiência, data instituída pelas Nações Unidas em 1998, com o objectivo de promover uma maior compreensão em relação à deficiência, mobilizando recursos, esforços e vontades na defesa da dignidade, dos direitos e da real e efectiva integração destes cidadãos na vida política, social, económica e cultural.
Neste ano, as celebrações fizeram-se sob o signo das acessibilidades às tecnologias de informação, providenciando-se o acesso igualitário, por parte das pessoas com deficiência, à sociedade da comunicação, utilizando os seus diversos formatos para abater as barreiras sociais, o preconceito, as infraestruturas, que limitam a sua participação. Um espaço, em resumo, que disponibilizasse a partilha, e desenvolvimento de conhecimento, tendo por base conceitos que no papel fazem todo o sentido, como sejam, a inclusão, integração e solidariedade.
No entanto, a importância destes postulados não pressupõem uma real aplicação na prática, observando-se que as populações discriminadas, não conseguem ter um eficiente acesso às novas tecnologias, por um lado, pela impossibilidade de adquirir os recursos necessários, equipamento e formação adequada e por outro, pelo facto de muitos dos websites continuarem inacessíveis a indivíduos com impedimentos visuais, pela navegação extremamente dependente da utilização do rato.
Em suma, apesar dos programas de acção amiúde elaborados e apregoados pelos órgãos competentes, a verdade é que os indivíduos com deficiência sentem que as palavras e frases bem elaboradas, não passam disso, porque os actos que a elas deviam estar subjacentes, revelam-se insuficientes e pouco adequados. Nesse sentido, aumentam as desigualdades sociais, bloqueando-se o acesso a direitos inalienáveis, de participação, inclusão e desenvolvimento de competências individuais e colectivas. Para terminar esta reflexão, fica a mais recente medida de “protecção e inclusão de indivíduos com deficiência”, o fim dos seus benefícios fiscais. Palavras para quê...

2 comentários:

Anónimo disse...

Em primeiro lugar felicitações e sudações, pois é a primeira vez que participo no Lamaleta.
Esta é a marca do nosso governo, apresenta-se na televisão a inaugurar um centro de tratamentos muito evoluídos, com recursos às novas tecnologias, por conseguinte de elevado investimento e dispendiosa manutenção, mas depois, antagonicamente corta cegamente nos benefícios fiscais dos deficientes. Mais uma vez o governo apressou-se a mostrar medidas populista e pouco úteis e esqueces questões como a pobreza - bastante elevada nas pessoas com deficiência - retirando-lhes alguns direitos que apesar de muitas vezes serem apenas "migalhas", lhes permitem ter uma vida mais digna. É assim, muitos não têm que comer, vivem em sítios repletos de barreiras, não podem usar os transportes públicos e não têm dinheiro suficiente para medicamentos e apesar disto, o nosso governo continua a cortar benefícios - gastando e que daí advém mal gasto - e continua a ignorar as constantes violações à legislação sobre as barreiras arquitectónicas sem nada fazer - exemplo flagrante e próximo de nós, o novo edifício da Junta de Freguesia de S. Barlomeu (por sinal público e inaugurado com poupa e circunstância) em que a casa de banho mais acessível se encontra "embarreira" por cinco ou seis degraus.
As questões sociais, a cultura, a saúde e o ensino são, infelizmente, a mais das vezes tratados desta forma por o governo da nossa república.
Um abraço Roger!

Anónimo disse...

Este dia continua a ser um apanágio da bondadezinha que se continua a fazer em Portugal, representativa da política assistencialista, ainda que mascarada por uma política de inclusão, a qual não passa certamente pela integração dos mais desfavorecidos, mas antes pela apropriação de louros e verbas indevidas que os nossos governantes incluem nos seus CV e orçamentos familiares.
Enquanto continuarmos com este cenário, dificilmente conseguiremos excluir as bolsas de miséria social e económica, mas também são elas que permitem perpetuar o reinado dos mafiosos que nos governam e nos amordaçam numa relação de submissão e gratidão pela miséria com que nos congratulam. Até quando, vamos continuar a alimentar e conssentir esta impunidade.