sexta-feira, junho 29, 2007

Reflexão ANIMA 2007



No passado fim-de-semana (22, 23 e 24 Junho) deslocámo-nos a Madrid, a fim de participar no ANIMA 2007, II Encontro Internacional de Animadores Socioculturais.
O facto de embarcar nesta viagem com colegas de curso, confesso que me entusiasmou, pois há algum tempo que não nos víamos, e esta era uma oportunidade por um lado, de estarmos juntos, recordando o percurso comum e por outro, integrar um espaço de reflexão sobre Animação Sociocultural, nas suas variadas formas e práticas, momento que se revelou singular em termos de formação e aprendizagem.
Levámos na MALETA, vontade de aprender, de conhecer outras pessoas e experiências, tendo por base aquilo que somos, Animadores Socioculturais.
Nesse contexto, assumimos o contacto com outra realidade, como um compromisso pelo crescimento enquanto homens e mulheres, preparando-nos para novos desafios, acreditando na nossa capacidade de saber, agir e pensar.
O Encontro, realizou-se num albergue na Serra de Madrid, na localidade de Mangirón, rodeados pela beleza da natureza, com grande arvoredo, que dava ao local um ambiente informal e despreocupado.
Nas diversas apresentações que constavam do programa destaco três pela sua importância, “Sociedade e Sustentabilidade”, Prof. Fernando Cembranos; “Exemplos vivos da Organização, organizar-se é andar”, Plataforma ECO/Plataforma Nacional e APDASC; “Decisão participativa , a importância de tempos e espaços quotidianos na hora da construção colectiva”, Palomares del Rio (Sevilha), Javier Encino e Marta Dominguez, UNILCO.
Em relação à intervenção do Prof. Fernando Cembranos, resume-se em três momentos fundamentais. Em primeiro lugar, a análise da realidade, concluindo-se que “tudo vai mal”. Nesse sentido, explica que o “viver” está ameaçado pela organização que nos envolve, devido essencialmente, aos processos de industrialização e tudo o que lhes está adjacente, poluição ar, água, utilização dos recursos naturais não renováveis, a “pisada ecológica” (território que precisamos para sobreviver), e a desregulamentação dos factores sociais. A partir desta análise, entramos no segundo momento - porque razão não nos damos conta? Porque razão continuamos a viver com a ideia que nada disso é verdadeiro? Os responsáveis por essa “ilusão” são a monetarização, os ecrãs (TV, e outros) e a fé na tecnologia. A nossa sociedade sustenta-se EM TRÊS PODERES - poder monetário, como controlo das necessidades, num claro compromisso de satisfação/insatisfação, um acto provoca intrinsecamente o outro - o poder da televisão, que confunde os sentidos, alienando os telespectadores para uma realidade que não existe (porque choramos numa cena de uma telenovela ou filme se sabemos que aquilo não é real?, Porque o tomamos como verdadeiro?). Por último o poder da tecnologia, que interiorizámos como solução para todos os problemas, constituindo-se como o grande mito moderno, o qual se predispõe a satisfazer necessidades, através da atracção, acabando no entanto, por ocultar consequências catastróficas para a humanidade.
No terceiro momento, o Prof. Cembranos identifica o caminho a seguir, que terá forçosamente que assentar numa clara definição dos critérios de sustentabilidade, nomeadamente, na limitação do gasto de energia (utilizando se possível as energias renováveis) da emissão de resíduos, na distribuição do poder e na intenção de viver do próximo, do local, procurando aí a essência para a vida.
É necessário uma cultura da sustentabilidade, que nos permita agir, confrontando as diferentes visões sobre a Humanidade, discernindo e reflectindo sobre os factores que diariamente nos entorpecem a visibilidade, criando uma realidade que não é a nossa, mas sim feita para nós.
Foi sem dúvida, um momento especial ouvir o Prof. Cembranos. Como se as palavras por breves momentos se elevassem e fizessem ainda mais sentido, um sentido solidário e mais Humano.



Foto: Prof. Fernando Cembranos

(1ª parte)

1 comentário:

Anónimo disse...

Pois é....
Este encontro, foi mais um passo para chegar à meta pretendida "A Animação como forma essencial de batalhar por um futuro mais são".
Para isso, nao podemos isolar-nos e trabalharmos sozinhos, à que trabalhar em cooperação e só assim os animadores vencerão.
Graça Pólvora