sábado, janeiro 12, 2008

Caderno Reflexão 2007 - (2)

O ano de 2007 foi bastante difícil.

O endurecimento das condições de vida e a crescente exclusão dos mais desfavorecidos na saúde, educação e apoios sociais são algumas das situações que nos preocuparam. Essa inquietação é comum a vários estratos da nossa sociedade devido à previsível continuidade na aplicação por parte das entidades governativas, de medidas que superficialmente parecem proteger quem mais precisa, mas que na essência têm por objectivo reduções economicistas e orçamentais, fruidoras de ideias neo-liberais. A mudança na sociedade portuguesa traz contornos que se opõem à construção social, solidária e justa, reforçando a fragilidade dos seus integrantes. A imoralidade destas medidas tem o seu auge na voluptuosidade e luxúria das elites, no consumismo exacerbado, no branqueamento e controlo concertado da opinião dos cidadãos.

A precariedade e o desemprego avançam num contexto sócio-laboral degradado e destituído de dignidade, justiça e respeito. Também os Animadores sentem essas dificuldades. Talvez mais ainda, pela tardia e difícil conquista do Estatuto Profissional que regulamente e suporte a nossa intervenção, com o consequente reconhecimento institucional e social. Esse trabalho de discussão e estímulo ao debate tem sido feito por alguns círculos de Animadores, mas analisando-se a actual realidade, é fundamental que se juntem a eles mais opiniões, mais vozes que viabilizem os objectivos de todos.

Para isso é necessário a construção de uma consciência profissional, que sistematize as práticas e valores intrínsecos ao Animador, fortalecendo a nossa postura perante as entidades legisladoras.

Só a partir de mais participação e postura critica conseguiremos reivindicar o que temos direito. Até agora pouco temos feito.

Espero que o novo ano nos traga uma nova dinâmica, uma nova vontade. É momento de assumir a mudança responsabilizando-nos pelo futuro da Animação, interiorizando-o como um comportamento devido, um dever de cada um para um todo.

Se não o fizermos seremos órfãos de um todo, tão desgovernado e inseguro, que não nos deixará espaço para reivindicar emprego, melhores salários, mais oportunidades. Todos temos um grão de areia, falta juntá-los para daí nascer a nossa praia.

Sem comentários: