terça-feira, setembro 14, 2010

Tempo de Inevitabilidades

É tempo de crise. O somatório de politicas desprovidas de soluções para a generalidade da população, tem alimentado o buraco em que (sobre) vivemos. Os sacrifícios de anos e anos, processo premeditado para que alguns lucrem, tem dado resultados: cerca de dois milhões de portugueses vivem no limiar da pobreza, 700 mil trabalhadores no desemprego, milhares trabalham em condições precárias. É tempo de inevitabilidades. A “geração perdida”, expressão usada pela OIT (Organização Internacional do Trabalho) num relatório recente – Tendências Mundiais do Emprego Jovem 2010 – alarde ao contexto desfavorável dos jovens no trabalho e na sociedade. De facto, são os jovens, o estrato que mais sofre com o clima de instabilidade e insegurança promovido pelas políticas laborais. Em Portugal, a taxa de desemprego jovem (21,6% no 1º semestre de 2010) é o dobro da taxa global. Há mais de 550 mil jovens com vínculo precário, correspondendo a 38% dos assalariados até aos 35 anos. Neste quadro de enormes dificuldades, importa centrar a nossa reflexão nas condições que são apresentadas aos Animadores aquando da sua integração no mercado de trabalho - qual a taxa de empregabilidade, que tipo vínculo laboral detém, qual a relação entre os níveis de competência e a remuneração que lhe corresponde? Estas questões de suma importância para qualquer profissional depois de terminar o seu percurso académico, são para os Animadores, cruciais. À baila e, em paralelo com a transversal dicotomia entre emprego para a vida e emprego com direitos, têm os Animadores centrado a sua luta na uniformização formativa, na construção identitária assente num perfil e competências especificas (1). O ambicionado Estatuto Profissional, tem-se revelado de difícil parto.
Identificadas que estão há muito as questões, é necessário definir propostas concretas, a partir das diversas sensibilidades, através de grupos de trabalho constituídos para esse efeito. É urgente a associação aos nossos pares, convergindo nas estruturas associativas existentes ou criando novas, de forma a alargar o movimento e motivar outros a participarem. É fundamental construir uma postura de classe, marca da consciência colectiva dos problemas e principalmente, das soluções.

”Não te lamentes, organiza” (2)

A determinação de muitos de nós, nos seus locais de trabalho, nos seus grupos informais, nas associações, nas escolas e universidades, têm colocado na ordem do dia, em encontros e debates por todo o país, o futuro da Animação e o papel dos Animadores. Não existe outro caminho. Este é feito de esperança, vontade e vigor, contrariando o conformismo, desespero e inércia. Por isso, lanço o desafio a todos os Animadores para que em Novembro e, dando sequência ao trabalho iniciado no ciclo de debates promovido pela APDASC e algumas instituições de ensino, marquemos presença no 1º Congresso de Animação Sociocultural, a realizar em Aveiro, no Centro Cultural e de Congressos, nos dias 18, 19 e 20 de Novembro. Que ali confluam, reflexões, expectativas, dúvidas, esperanças, desilusões, e que a partir destas, olhos nos olhos, ombro no ombro, possamos dizer: somos animadores e estamos disponíveis para construir o futuro!

(1) - Encontro Animação Sociocultural ESEP – Apresentação “Perfis e Função Profissional do Animador Sócio-Cultural para os Estatutos Profissionais” – Dra. Tânia Balola

(2) - Apple, M. e Nóvoa, A., (1998) Paulo Freire: Política e Pedagogia, p.25,

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