segunda-feira, julho 09, 2007

O Estado das nossas Coisas


“Este salão é umas das maravilhas que temos. Corre o risco de se perder para sempre. É preciso que não permitamos que isso aconteça. Tem provavelmente a melhor acústica de todas as salas de Lisboa, onde se pode fazer música de câmara. Os seus tectos foram pintados por José Malhoa em 1881.Desde as primeiras décadas do século passado que não tem quaisquer obras de beneficiação. As paredes estão todas rachadas. O tecto também. Estas barras metálicas que se encontram do lado direito na vertical não estavam no projecto inicial: são escoras que evitam que o balcão, que não pode há muitos anos ser utilizado, caia. Há buracos no tecto. Há cadeiras que não podem servir para que alguém se sente nelas. Isto é um exemplo vergonhoso da falta de cuidado que temos com aquilo que é nosso...”[1]

La Maleta junta-se à luta pelas “coisas”. Aquelas coisas que de velhas que estão, talvez já não tenham valor. Sabem aquelas coisas que de olhar para elas, reparamos que não têm qualquer significado, são realmente velhas. É que para além de serem velhas, cheiram a velho, sabem a velho.
As coisas de tão velhas que estão, caem e desaparecem, tal e qual como a nossa memória, num triste fim de tarde a ouvir um velho piano, de uma velha sonata, dentro de um velho edifício.


SALÃO Escola de Música do Conservatório Nacional de Lisboa
[1] Suggia.weblog.com.pt

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