quarta-feira, novembro 19, 2008

Práticas de Animação - Animação de Idosos


Abrimos um novo espaço na La Maleta, Práticas de Animação. Com o objectivo de envolver mais vozes na contínua reflexão sobre o papel e acção da Animação e Animadores, lancei o desafio a um grupo de amigos para que partilhassem experiências e vivências decorrentes da sua intervenção. Cremos que a visibilidade das razões, dificuldades, aspirações e conquistas, nos enriqueça e prepare para a nossa missão e compromisso: os outros.

Viver a idade com qualidade


Até muito recentemente a velhice era encarada como uma eventualidade. Provavelmente se chegarmos a ser velhos…Hoje a realidade é outra, a velhice tornou-se certeza para quase todos nós.
Ficar velho e sobretudo viver a velhice é assim uma experiência recente, com a qual a sociedade não lida ainda com tranquilidade. Esta situação gera muitas dúvidas, ambivalências e conflitos geracionais. A vida é uma viagem cheia de incertezas, modulada por acontecimentos e circunstâncias inesperadas, ao sabor da sorte, das paixões e do conhecimento.
De acordo com as Nações Unidas, e tendo por referência a população mundial, a proporção de pessoas com mais de 60 anos duplicará entre 2006 e 2050.

A Instituição: A Santa Casa da Misericórdia de Gavião (S.C.M.G.) conta neste momento com o lar de Nossa Senhora dos Remédios, com 124 utentes, o lar de Nossa Senhora das Necessidades, na Comenda, com 51 utentes, o lar de São Francisco de Assis, com 26 utentes, a Creche e Jardim-de-infância com 39 utentes, serviços de apoio ao domicílio, com 74 utentes e dois Centros de Dia em Gavião e Comenda, com 27 utentes.
No ano 2007 a S.C.M.G assinou um protocolo com o Ministério da Saúde / Ministério da Educação / Segurança Social para a Intervenção Precoce. Assumiu enquanto entidade promotora as equipas de intervenção directa de Gavião e Nisa. No seu total a instituição presta apoio a cerca de 400 utentes.
Para além dos serviços de cuidados básicos existem também os serviços especializados, em Serviço Social, Animação Sociocultural e Psicologia.

A Intervenção: O Animador promove a ocupação para o bem-estar das pessoas. Assim desenvolve nos indivíduos, grupos e organizações a capacidade de apreender competências que lhes permitam escolher e desempenhar de forma satisfatória, ocupações que estes considerem significativas. Entende-se por ocupação tudo aquilo que a pessoa realiza com o intuito de cuidar de si própria (auto-cuidados), desfrutar da vida (lazer) ou contribuir para o desenvolvimento da sua comunidade (produtividade). Um desequilíbrio em qualquer uma destas ocupações compromete o desempenho individual pondo em causa o bem-estar e qualidade de vida.
O projecto de animação que se desenvolve este ano na Santa Casa tem como tema “Renascer para a vida”, contando com oficinas de trabalho: trabalhos manuais, hidroginástica, saídas de campo, museus, grandes visitas, música (grupo coral), animação teatral, sessões inter-geracionais, dinâmicas de grupo, matança do porco, magustos, festas de Natal, Páscoa, santos populares, feira da gastronomia, venda de natal, intercâmbios culturais… e muito mais. Neste âmbito, a promoção de boas práticas e implementação de projectos que apostem no envolvimento activo e empenhado dos idosos constitui a estratégia a seguir. Assumir a interdisciplinaridade como princípio na construção de uma visão integrada do envelhecimento, interiorizando que cada indivíduo é único e possui traços próprios por natureza biológica, psicológica, social e cultural, afere uma análise global a uma execução específica, individual.
A função exercida pelos profissionais da Animação Sociocultural é de extrema importância, pela escuta das palavras, pela sua cumplicidade, assumindo-nos frequentemente como únicas testemunhas da partilha de medos, alegrias, conquistas. A transformação da palavra sem importância, o gesto mecânico, o olhar sem brilho, num acto de enorme riqueza e significado.
Perante a emergência de novas problemáticas ligadas ao envelhecimento e ás mutações sociais que ocorrem a um ritmo acelerado, torna-se imprescindível que sejam pensadas medidas e programas prospectivos para responder aos novos desafios.
Se a memória é o mais valioso na pessoa idosa, contar a sua história é dar sentido à vida, reconstruindo a partir daí a sua identidade. Se a velhice é o destino de cada um, esta só poderá ser dita na primeira pessoa, e observada no movimento de uma história individual e sempre singular.
Ultrapassada a primeira fasquia…estamos nós em condições de querer ainda mais…

Tânia Balola – Animadora Sócio Cultural na Santa Casa da Misericórdia de Gavião

1 comentário:

jorge vicente disse...

mas que projecto interessante e bonito aquele que nos apresentas aqui. fantástico!

um grande abraço
jorge vicente