sábado, junho 27, 2009

Animação Sociocultural e Crianças em Risco

O estágio curricular que realizei em 2006, no Centro Social e Paroquial do Alandroal, numa das suas valências, o COEIRO - Centro de Acolhimento Temporário para Crianças em Risco, permitiu-me construir a partir de práticas de Animação Educativa e Sociocultural, um projecto de intervenção no âmbito da problemática das crianças e jovens em risco.
Pretendo com a presente reflexão, sistematizar alguns contributos a partir dessa experiência, contextualizando por um lado, o papel da Animação Educativa e Sociocultural no desenvolvimento individual de crianças e jovens institucionalizados e por outro, reforçar o inevitável compromisso da comunidade, enquanto matriz responsável pela concertação de redes de parcerias.
As crianças e jovens que são institucionalizados são-no porque carecem de um meio familiar que possa prover as suas necessidades. Na sua esmagadora maioria, são vítimas de algum tipo de mau trato.
Como consequência desses maus tratos, estas crianças e jovens revelam uma enorme carência de afecto, baixos níveis de auto-estima e confiança, incapacidade de lidar com a frustração e com os outros, comportamentos agressivos e instáveis, enfim, um conjunto de situações derivadas dos seus percursos de vida, caracterizados pela falta de estímulo e cuidados essenciais, que em alguns casos, provocam danos irreversíveis no seu desenvolvimento cognitivo.
No sentido de transformar esta realidade, a Animação Ed. e Sociocultural desempenha um papel fundamental pela responsabilidade de instigar a procura de alternativas de intervenção sócio-educativas, com base num plano não formal e informal, que tenham por objectivo integrar e capacitar estas crianças e jovens, de forma a enfrentarem os novos desafios.
Neste contexto cabe-nos, enquanto Animadores, a responsabilidade de implementar junto das crianças e jovens, um conjunto de práticas culturais, estéticas, desportivas e sociais, que promovam e valorizem as suas potencialidades, aumentando-lhes as competências sociais, dotando-os das ferramentas essenciais, para a construção de mecanismos de protecção e resiliência, que alarguem a sua capacidade de resposta perante o mundo exterior.

(1ªparte)

1 comentário:

EB1 de Santa Luzia - Elvas disse...

As crianças e jovens que vivem em instituições (tal como muitas oriundas de meios familiares "ditos" facilitadores do crescimento das suas potencialidades), carecem ver potenciadas as suas atitudes, projectos, ..., para que se assumam como protagonistas do seu desenvolvimento social, cultural, educativo e até político. Só sabendo viver em grupo, mostrando a sua criatividade, sendo confiantes e revelando respeito pelo ambiente, poderão estar a desenvolver-se harmoniosamente e de forma global.
Não será também isto que podemos retirar das palavras de Dalai Lama: "(...) É indiscutível que o cuidado pelos outros é benéfico. É indiscutível que a nossa felicidade está intimamente ligada à felicidade dos outros. É indiscutível que se a sociedade sofrer nós também sofremos..."? E nós queremos estas crianças e jovens detentoras do direito mais elementar do ser humano: Felizes!